Quase
meio século volvido, preparavam-se os tempos para a entrada da nova centúria.
Gozavam já o descanso eterno na sua capela da Conceição, Antónia e Victoriano[1],
sendo sucessivamente herdeiros, os filhos Caetano[2]
e Agostinho[3].
Sabe-se que este último, em 1800, era enfiteuta das casas do Terreiro de Santo
António, onde os religiosos da família Marques do Couto sempre tinham vivido,
na cidade de Braga. Tinham vivido, e ainda o faziam, uma vez que também o
cónego Salvador Marques do Couto, sentindo chegar o dia do Juízo[4],
renunciara o seu canonicato da Sé no sobrinho Bernardo[5],
filho de sua irmã Maria e do licenciado Manuel Marques Fontinha, “um dos bons letrados do seu tempo”,
segundo rezam as crónicas familiares. Por certo, também Salvador conseguira
cargos no desembargo eclesiástico dessa Mitra onde era tão conceituado, para
Joaquim[6]
e Pedro José[7],
irmãos do novo Cónego. Desse modo, no dealbar do século XIX, quando o cónego
Bernardo Marques do Couto comprou[8]
o Prazo das casas de Sto. António ao Cavaleiro de Cristo seu parente, ali
viviam há já alguns anos, seus dois irmãos desembargadores, e ele próprio.
Eram
fortes nesse tempo, os laços familiares estabelecidos entre os vários ramos dos
Marques do Couto, e entre a família e a Sé de Braga. O irmão mais velho destes
eclesiásticos, era afilhado do já falecido Vigário-Geral. Por isso se chamou
Agostinho, precedendo o Luís que lhe cabia na alternância genealógica dos
primogénitos da Fontinha, entre Manueis e Luíses. Ao tempo do baptizado[9],
a que o padrinho não pudera assistir pelos seus múltiplos compromissos, fora
aquele representado pelo cunhado Victoriano, futuro tio de D. Frei Caetano
Brandão[10],
que era nesta transição de século, o Arcebispo em título. O casamento[11]
de Agostinho Luís com uma nobre senhora de Ovar, em 1792, não lhe trouxe o
desembargo da relação eclesiástica, para que se preparara ao formar-se bacharel
em Leis na Universidade de Coimbra. Por isso, não acompanhou a carreira dos
irmãos, antes sucedendo na Casa da Fontinha, em S. Tiago de Beduído, que fora
de seus pais e avós. Germinou bem a semente daquele casal, fazendo brotar no
lugar da Fontinha cinco bravos rapazes, entre Setembro de 1793 e Abril de 1800.
A todos, apadrinharam o baptismo os tios de Braga, com excepção do mais novo
“que se ficou” pelo tio Luís[12],
clérigo na vizinha Pardilhó. Coube por padrinho ao Manuel, o mais velho, o
cónego Salvador, representado pelo cónego Bernardo; a Pedro, como já se viu no
correr destas linhas, ficou por padrinho o reverendo Desembargador Pedro José,
representado por seu irmão Joaquim José, também ilustre titular de cargo
semelhante na Relação Eclesiástica de Braga, o qual se investiria de pleno
nessa responsabilidade, dois anos mais tarde, perante o pequeno Joaquim
Calixto; finalmente, ao Francisco[13],
apadrinhou o mesmo Bernardo José Marques do Couto, vindo inclusive em 1820, a
renunciar o canonicato da família de que era titular, neste seu sobrinho e
afilhado. Tornou-se assim o cónego Francisco, o primeiro dos Barbosa do Couto
residentes na Fontinha do Paço, em Estarreja, a trocar aquelas paragens pela
vida metropolitana da cidade arcebispal.
Desagrilhoemos
Chronus, deixando-o de novo à solta
naquele estúdio fotográfico. Oito demorados segundos de imobilidade podem já
contar os presentes, Benedicta incluída, ela que puxou a si a educação e o amor
aos sete sobrinhitos[14],
tão precocemente órfãos de mãe. Guardava no peito um enorme coração, todo
devotado à família, e uma bondade sem limites que a sua timidez e abnegação não
deixavam transparecer. Seria talvez arredia, diziam, mas só quem de perto a
conhecia, podia apreciar toda a sua dimensão humana. Saudades dos ausentes, é o
que lhe ia agora na alma. O retrato, não vai nunca ficar completo; falta o Pai,
a sofrida Mena[15],
e o mano Zé Luís[16]
a quem, chorosa, vira partir para o Brasil atingida a maioridade, tinha ela
doze anos! Nunca mais estivera com ele, mas as cartas que esporadicamente
começavam a chegar desde aquelas remotas paragens, faziam-no casado[17]
e com filhos, fazendeiro e grande cultivador de café em Porto de Lameiro,
arredores da cidade de Campos, na província do Rio de Janeiro. Falta também a
geniosa tia Mónica[18],
que cuidara dela e do Francisco quando, de pequenos, tinham ido morar para
Estarreja… E o irascível tio Cónego, mas que para ela sempre fora tão
afável!... E o simpático tio Calixto, com quem convivera mais de perto pois
nunca deixara a Fontinha… A todos Benedicta recorda.
Cabe
finalmente ao “Senhor Francisquinho”, o nono segundo desta arrastada impressão
fotográfica. Assim se lhe dirigiam as gentes humildes com quem convivia, e a
quem nunca negava ajuda ou atenção, recebendo em troca, gratidão e respeito “de
se lhe tirar o chapéu”[19].
Na política, era o líder incontestado dos Progressistas de Estarreja, já tivera
honras de Deputado, e decerto voltaria ao Parlamento[20].
Naquela câmara, congratulava-se no convívio com homens da estatura de Guerra
Junqueiro, Hintze Ribeiro, Egas Moniz, o Conde de Sabugosa, Luciano Cordeiro,
Casal Ribeiro, e até o republicano e futuro chefe do governo, Afonso Costa,
entre muitos outros. Mas a intimidade daquele momento de exposição da alma,
elevou-a, reconhecido, à sua finada esposa, àquela que desinteressadamente lhe
dera a sua vida, o realizara na paternidade, e com quem partilhara quinze anos
de muitas alegrias e, inevitavelmente, algumas infelicidades também. A maior
destas, sentiu-a na Fontinha, naquele vinte de Janeiro, enquanto ansioso,
esperava na sala o entrecortado choro do inocente que deveria nascer para um
novo mundo, e se chocou com os rostos fechados, de um silêncio pesaroso, que a
medo lhe falavam da inesperada má sorte de Maria Cândida[21].
Hirto,
de olhos postos além do vazio, Francisco Barbosa lembra com saudade, as
vésperas do dia concertado para o matrimónio. Vivia a família em luto recente
pelo “tio Cónego”. Acompanhado de Maria Benedicta e do Agostinho Luís, tomara o
trem na estação de Estarreja, percorrendo a metade da viagem que os levou até
Gaia. A travessia do Douro fazia-se então apenas de barco, e assim, pela hora
do almoço, pisavam os três irmãos, com criados e bagagem, o solo firme da
Ribeira, onde logo contrataram a carruagem que os levaria ao destino. Coube ao
fiel José - que crescera na Fontinha e com quem brincaram desde crianças –, a
tarefa de negociar os serviços do almocreve para o transporte da criadagem e
das pesadas malas. Tudo tratado, estômago confortado na medida do possível,
enfrentou o grupo, devidamente estratificado, o sinuoso caminho, vencendo os
restantes sessenta quilómetros que os separavam de Braga. Caía já a noite,
quando desembocaram no Terreiro de Santo António, e José fez soar a aldraba do
número 12. Os pais Mariana e Pedro, encabeçavam o saudoso grupo que os
esperava, de olhos marejados pela ausência. Saciadas as saudades, logo se
acertou a visita ao próximo Campo de Santiago, à casa dos Falcões Cota, onde
vivia a noiva escolhida para o primogénito[22].
Então, curioso e inibido – recorda Francisco -, finalmente conheceu Maria
Cândida, com quem esperava passar o resto dos seus dias. Concertaram esse
enlace, a amizade e as convicções políticas partilhadas entre os Barbosa do
Couto (pai e tio), e o Visconde de Azevedo; o bom nome, o carácter e a
capacidade gestora do senhor da Fontinha, tornara-o igualmente possível e
desejável. Para aquele titular, já velho e sem filhos, Francisco Barbosa era o
garante de um digno futuro para a nobre e opulenta Casa que representava.
Morreu cinco anos mais tarde, legando em testamento à sobrinha Maria Cândida um
vasto património, do qual se destacava a antiquíssima Torre de Azevedo, solar
da família há vinte seis gerações!
Dez
segundos… e no ar saturado da pequena sala, dissimula-se já alguma impaciência.
Ainda se faz tempo, contudo, para que presente e futuro próximos, ocupem de um
tiro, os pensamentos do ex-deputado, tão composto entre suas respeitáveis mãe e
irmã. Sua Excelência o Dr. José Luciano de Castro, seu grande amigo e
condiscípulo enquanto líder político dos Progressistas, não lhe dera apenas a
notícia que tanto alegrara Rita e Henriqueta. “Á voil de l’oiseau”, e
antecedendo um texto mais oficial, falara-lhe também na sua possível elevação a
Conde[23],
que o Partido e ele próprio veriam com muito bons olhos. Surpreso, Francisco
Barbosa prometera-lhe resposta. Sinceramente, não se revia nessa posição, pois
além de não ser dado a tais “honrarias”, o seu bom senso e sentido de justiça,
segredavam-lhe que não lhe cabia por direito, representar o tio da falecida
esposa Maria Cândida. Só o desejo de não magoar tão respeitável amigo, fazia
oscilar esta vontade. “Foge cão que te fazem barão…”; meio século não apagara
os tempos de Saldanha, e sempre actual continuava o motejo! Talvez um dia,
Pedro[24]
o mereça… Deixá-lo crescer!
Ao
hipotético condado, logo se substituiu imponente silhueta: uma Câmara para
Estarreja[25];
um imóvel dinamizador, capaz de se tornar próspero marco do progresso que sonha
imprimir à sua terra. Um edifício que há-de empregar muitos braços locais,
albergando úteis serviços à comunidade, e que será património de todos. E
prosseguiriam as suas lucubrações futurísticas, se naquele momento, nesse
preciso instante em que assomava o décimo primeiro segundo… não surgisse sob o
feltro negro, por detrás do tripé de castanho, o fotógrafo, recompondo a esguia
figura:
–
Perfeito, ficou esplêndido, e sem repetições! – entusiasmou-se o retratista,
logo acrescentando, em respeitosa calmaria – Queiram ficar à vontade. A chapa
está pronta!
Então pôde
suspirar o grupo, finalmente aliviado. Espirituosa, Mariana gracejou enquanto
se erguia, apoiada na mão que Ritinha lhe estendera:
–
Daqui a cento e vinte anos ainda estaremos todos juntos nesse cartão! O pior é
que então, já ninguém saberá destas relíquias…
Não
sabia a vetusta Avó como era sábia… mas quanto se enganava também!
Quando
regressaram a casa, receberam-nos, alegres e curiosas, sete crianças
irrequietas: Mariana, de quinze anos, e Amália, com nove, lideravam o grupo,
elas que viriam anos mais tarde a oferecer ao Pai, bordada a ouro, a bandeira
que inaugurou os Paços do Concelho com que aquele sonhava ainda; seguiam-nas a
Maria José, de treze anos, e a Bibita, que ainda não fizera os oito, trazendo a
mais velha ao colo, a pequena Emília, com quase cinco. Por fim chegaram os
rapazes, o Pedro e o Francisco, de doze e onze anos respectivamente, que vinham
melados de subir à Figueira mais carregada do jardim, não dispensando um
malicioso encontrão, que provocou gritinhos desagradados nas irmãs. Se o
primeiro viria um dia a ser o chefe da família, já ao segundo esperava-o vida
curta, ceifada precocemente por uma tuberculose fatal[26].
D. Mariana de Jesus Barbosa Falcão de Azevedo Sottomayor e Bourbon
Nascida na Casa da Fontinha, a 7 de Junho de 1872
|
D. Maria José de Barbosa Falcão de Azevedo e Bourbon
Nascida na Casa da Fontinha, a 4 de Janeiro de 1874
|
Maria
José casou a 9 de Novembro de 1893, com José Maria de Abreu Freire, futuro
Visconde de Baçar, Bacharel em Direito e senhor da Casa do Outeiro, em Avanca,
onde viveram e tiveram quatro filhos.
Mariana
casou a 1 de Julho de 1900, na capela do Solar de Azevedo, com seu primo
direito Francisco Manuel Pinheiro de Azevedo e Menezes, Engenheiro Civil,
senhor das Casas de Vinhal em Famalicão, e dos Pinheiros de Barcelos. Viveram
no Porto, onde lhes nasceram oito filhos.
D. Maria Amália Barbosa Falcão de Azevedo e Bourbon
Nascida na Casa da Fontinha, a 25 de Março de 1878
|
D. Maria Benedicta (Bibita) de Barbosa Falcão de Azevedo e Bourbon
Nascida na Casa da Fontinha, a 9 de Agosto de 1879
|
Amália casou em Estarreja, a 5 de Agosto de 1901, com seu primo direito António de Sá
Barreto Pereira do Couto Brandão, Bacharel em Direito e Notário naquela vila,
cuja carreira o levou à Magistratura e ao Desembargo da Relação do Porto e de
Coimbra. Tiveram apenas uma filha, em 1905, tendo Maria Amália falecido três
anos mais tarde, tuberculosa.
Bibita,
ou melhor dizendo, Maria Benedicta, casou também em Estarreja, a 21 de Novembro
do mesmo ano, com João de Sande Mexia Salema Aires de Campos, então Visconde do
Ameal, e futuro Conde do mesmo título, formado em Letras, que viria a abraçar a
carreira diplomática, e a tornar-se Deputado da Nação. Sempre viveram na Quinta
de Santo António, no Ameal, e em Coimbra, onde lhes nasceu um filho.
D. Maria Emília da Natividade de Barbosa Falcão de Azevedo e Bourbon
Nascida na Casa da Fontinha, a 8 de Setembro de 1882
|
Emília
casou a 24 de Julho de 1905, com Augusto Sampaio de Castro Corte-Real –
sobrinho de José Luciano de Castro -, Bacharel em Direito e então ilustre
Advogado em Lisboa, onde viveram e lhes nasceram duas filhas. Augusto de
Castro, que foi Jornalista e Escritor qualificado, ingressou depois na
diplomacia, vivendo a família em Londres, Roma, Bruxelas e Paris, só
regressando definitivamente a Lisboa em finais dos anos quarenta.
Finalmente
o Pedro, futuro 2º Conde de Azevedo, que se formou em Direito na Universidade
de Coimbra, e nesse mesmo ano, a 4 de Novembro de 1897, casou na Igreja de
Carapeços, com D. Maria da Purificação Briolanja de Queirós e Vasconcelos
Carneiro Pereira Coutinho de Vilhena, herdeira da vasta Casa dos Barões do
Hospital. Viveram entre Barcelos, Vila do Conde e Monção, nascendo-lhes seis filhos.
Rodou inversa a roda da fortuna para o sucessor de Francisco Barbosa, perdendo
todo o património que fora dos seus maiores. Viúvo, casou uma segunda vez, e
passou ao Ultramar, como Director da Companhia de Moçambique, de onde voltou em
1945.
Depois
da morte de Francisco Barbosa, a Casa da Fontinha ficou vazia. Ninguém mais ali
parou. Consumiu-a o tempo e o fogo. Do alto dos seus oitenta e um anos, a
“velha” Mariana tivera razão na bem humorada glosa. Cento e vinte anos depois,
destas gentes de Beduído, sobrou o retrato para contar uma história.
Obrigado
Joseph Nièpce[27].
Fontes
documentais:
Habilitação para a Ordem de Cristo de
Agostinho Marques Pereira do Couto, Letra A, Maço 10, Diligência 6, Torre do
Tombo, 1758.
Inquirição
de Génere para cónego de Salvador Marques do Couto, 1736.
Prazos
do Cabido, Livro 117, Arquivo Distrital de Braga, 1798-1802.
Registos
Paroquiais, Pardilhó, Estarreja.
Registos
Paroquiais, S. Mamede, Lisboa.
Registos
Paroquiais, S. Paio de Parada de Tibães, Braga.
Registos
Paroquiais, S. Tiago de Beduído, Estarreja.
Testamento
de D. Rita de Cassia Barbosa de Sottomayor.
Fontes
manuscritas:
SEQUEIRA,
Gustavo de Matos, Notas de família,
Manuscrito.
SOTTOMAYOR, Agostinho Barbosa de,
SOTTOMAYOR, Francisco Barbosa de, Livro
manuscrito de apontamentos genealógicos.
SOTTOMAYOR, António Fernando de Sequeira
Barbosa, Notas da família, Manuscrito
em vários volumes.
Fontes
impressas:
A Nação, Órgão do Partido Legitimista, 1
de Dezembro de 1885, 10 de Dezembro de 1885.
Boletim
Salesiano, Vol. VI, Nº 1, Janeiro-Fevereiro de 1914.
Correio
de Manhã, 11 de Dezembro de 1917.
Diário
da Manhã, Lisboa, Quinta-Feira 10 de Maio de 1883.
Diário
de Lisboa, 31 de Dezembro de 1934.
Diário
de Notícias, Lisboa, 12 de Abril de 1923.
Diário
Illustrado, Sábado, 13 de Maio de 1899.
Diário
Nacional, 19 de Dezembro de 1917.
Echos
do Minho, 1 de Novembro de 1914, 4 de Novembro de 1914.
Gazeta
de Lisboa, Lisboa, 24 de Julho de 1829.
O Jornal d’Estarreja, Estarreja, 16 de
Junho de 1892, 10 de Fevereiro de 1918, 5 de Junho de 1921.
O
Século, 31 de Dezembro de 1934.
Fontes
bibliográficas:
Anuário da Nobreza de Portugal,
Instituto Português de Heráldica, Tomo II, Vol. III, 1985.
BESSA, José Marcelino de Almeida, Annexo ao Manual Parlamentar para uso dos
Senhores Deputados da Nação Portuguesa, Lisboa, Imprensa Nacional, 1905.
FERREIRA, Monsenhor José Augusto, Provedores da Irmandade da Santa Casa da
Misericórdia de Braga instituída pelo Arcebispo D. Diogo de Sousa (1513?),
Academia de Ciências de Lisboa, 1941.
MACHADO, José de Sousa, Últimas Gerações de Entre Douro e Minho,
Livro II, Braga, Edição do Autor, 1932.
MACHADO, José Timóteo Montalvão, Dos Pizarros de Espanha aos de Portugal e do
Brasil, Lisboa, 1970.
SILVA, Armando Barreiros Malheiro da,
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SOTTOMAYOR, Agostinho de, Hurrah por Torres Vedras!, in
Lisboa-Torres Vedras, número único, publicado pela TYpographia Torreense em
comemoração da entrada da primeira locomotiva na villa, 30 de Dezembro de 1886.
SOTTOMAYOR, Agostinho de, O Assassínio do Engenheiro Abel Marty em
Torres Vedras, in Galeria de Criminosos Célebres em Portugal. História da
Criminologia Contemporânea, Volume II, Edição António Palhares, 1897.
SOTTOMAYOR, António Pedro de, Lembranças… História Social e Genealógica da
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SOTTOMAYOR, Dom Duarte Nuno de, Os Sottomayor na História de Portugal,
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SOUSA, D. António Caetano de, História Genealógica da Casa Real Portuguesa,
Tomo X, Coimbra, Atlântida-Livraria Editora, 1953.
TAVARES, José, Francisco Barbosa do Couto Cunha Sotto-Maior no centenário do seu
acesso à Câmara de Estarreja, Palestra proferida no Rotary Clube de
Estarreja, 1986, Câmara Municipal de Estarreja, 1997.
VASCONCELOS, Maria Assunção J. de, A Casa Grande da Rua de Sto. António das
Travessas, Separata de FORUM, Braga, 12/13, Julho 92/Janeiro93, Arquivo
Distrital de Braga.
Internet:
www.centrobraga.com O fundador do Colégio da Regeneração
www.sis.pt/historia/origens.php?print=sim História dos serviços de informação e
segurança em Portugal
*Este artigo (partes I, II e III) foi publicado em "Terras de Antuã. Histórias e Memórias do Concelho de Estarreja", Nº 1 - Ano 1 - 2007
[1] No interior da capela,
numa campa rasa, pode ler-se o seguinte: AQUI
IAS / O DR VICTO / RIANO P RA / DA CRUZ Q / 5 FALECEO / EM O I DE IV / NHO DE /
1768.
[2] Caetano Marques Pereira
do Couto foi Beneficiado na Colegiada de Moncorvo, e sacerdote em S. Pedro de
Pardilhó. Sucedeu à mãe no Vínculo da Melhor Vista, casa onde faleceu, sendo
sepultado na Igreja de Beduído.
[3] Agostinho Marques
Pereira do Couto foi bacharel em Direito e sr. da Quinta e Casa da Costeira, em
Beduído. Casou com D. Maria Caetana Soares da Silva, de quem teve três filhos.
Sucedeu a seu irmão Caetano na Casa da Melhor Vista, onde veio a falecer no ano
de 1811. Arquivo Distrital de Braga, Livro 117 dos Prazos do Cabido
(1798-1802), fls. 65v.-67. “(…)
primeiramente no terreiro de Sto. António desta cidade humas casas grandes com
seu quintal que possui o enfiteuta Agostinho Marques Pereira do Couto, sargento
mor reformado no regimento de Melícias da cidade de Aveiro, professo na ordem
de Cristo, morador na sua quinta da villa de Estarreja, que são dos nºs 12 e 13
(…)”. O Prazo data de 22 de Julho de 1800.
[4] VASCONCELOS, Maria
Assunção J. de, op. cit., fl. 27. “Faleceu
em Santiago da Cividade a 24/9/1799, sem testamento”.
[5] SOTTOMAYOR, Agostinho
Barbosa de, SOTTOMAYOR, Francisco Barbosa de, op. cit. Bernardo José Marques do
Couto nasceu na freguesia de Pardilhó, Estarreja, a 16 de Novembro de 1746. “Bacharel formado em Direito, foi cónego na
Sé Primaz por renúncia de seu tio Salvador Marques do Couto, e faleceu em Braga
a 8 de Abril de 1820”. Depreende-se pelos registos de baptismo dos seus
sobrinhos, que já tinha sido investido no canonicato, pelo menos, desde 1793.
[6] Ibidem. Joaquim José
Marques do Couto nasceu na freguesia de Pardilhó, Estarreja, a 26 de Março de
1744. Bacharel em Direito, em 1796 era Desembargador da Relação Eclesiástica de
Braga, como consta do registo de baptismo de seu sobrinho Pedro Barbosa do
Couto Cunha e Mello (Vide nota 1 em Rostos da Fontinha ( I )). Faleceu na mesma freguesia, a 10 de Janeiro
de 1817.
[7] Ibidem. Pedro José
Marques do Couto nasceu na freguesia de Pardilhó, Estarreja, a 29 de Abril de
1758. “Bacharel em Direito, foi
Desembargador da Relação Eclesiástica de Braga, onde faleceu a 22 de Janeiro de
1807”.
[8] VASCONCELOS, Maria
Assunção J. de, op. cit., fl. 27. Comprou o prazo em 14 de Abril de 1803.
[9] Informações constantes
nas notas familiares redigidas por seu bisneto António Fernando de Sequeira
Barbosa Sottomayor. “Agostinho Luís
Marques do Couto Fontinha e Silva nasceu em Pardilhó a 15 de Fevereiro de 1740
e foi baptizado pelo Cura Padre Manuel de Pinho em20 do mesmo mês e ano, sendo
padrinhos o Dr. Agostinho Marques do Couto, Provisor do Arcebispado de Braga,
representado pelo Licenciado Victoriano Pereira da Cruz, e Bernarda, solteira,
filha do mesmo Licenciado”.
[10] Frei Caetano Brandão
nasceu na freguesia de S. João Baptista de Loureiro, antigo concelho de
Bemposta, a 11 de Setembro de 1740, filho do Sargento-Mor de Ordenanças Tomé
Pacheco da Cunha e de sua mulher Maria Josefa da Cruz, irmã de Victoriano
Pereira da Cruz. Religioso franciscano, em 1782 foi nomeado Bispo do Pará
(Brasil), e em 28 de Junho de 1790 tomou posse como titular da Arquidiocese de
Braga. Ali morreu, a 15 de Novembro de 1805, com sessenta e cinco anos. A sua
acção centrou-se na promoção do ensino, e no auxílio aos pobres e necessitados.
[11] Livro de registos de
Casamentos da freguesia de Pardilhó. “Em
dezasseis de Agosto de 1792, na presença do Padre Luiz Marques do Couto, de
minha licença e estando por testemunhas o Padre António Carlos Tavares de
Rezende, de Avanca, e o Capitão Francisco Joaquim Tavares de Rezende, de
Avanca, sem impedimento, na Capela de S. Francisco de Paula do lugar do
Sobreiro da freguezia de Avanca, com licença do respectivo Pároco, se receberam
Agostinho Luiz Marques do Couto Fontinha e Silva, filho legítimo de Manuel
Marques Fontinha e Silva e de sua mulher D. Maria Marques do Couto, do logar
desta freguezia, neto paterno de Luiz Marques Fontinha e de sua mulher D. Maria
da Silva, da freguezia de S. Tiago de Beduído, e materno do Capitão Manuel
Marques do Couto e de sua mulher D. Maria João e Silva desta mesma freguezia de
Pardilhó, com D. Maria Clara Benedita Barboza de Mello, filha legítima do
Capitão Francisco Barboza da Cunha e Mello e de D. Arcângela Micaela Josefa do
Amaral, da freguezia de S. Cristóvão de Ovar, neta paterna de Francisco Barboza
da Cunha e Mello e de sua mulher D. Maria da Cunha de Azevedo, da mesma
freguezia, e materna de João Rebelo de Pinho e de sua mulher D. Mariana
Nogueira, da freguezia de Salreu e logo lhes deu as bênçãos. a) o Cura António
Marques do Couto”.
[12] Luís Manuel Marques do
Couto, nasceu em Pardilhó a 26 de Fevereiro de 1754. “Foi presbítero secular e faleceu em Pardilhó a 12 de Maio de 1830”.
No registo de baptizado de seu sobrinho José Luís do Couto Cunha e Mello, surge
como “Clérigo de S. Pedro (S. Pedro
de Pardilhó), e Nossa Senhora da
Soledade”.
[13] Vide nota 13 em Rostos da Fontinha ( I ).
[14] O Jornal d’Estarreja,
Estarreja, 10 de Fevereiro de 1918. Notícia do óbito de D. Maria Benedicta de
Barbosa Sotto-Mayor. “Está de luto e luto
bem justificado uma muito distinta família, que é um dos mais legítimos
penhores de honra para esta terra, não só pelas suas tradições mas pelo que
ainda hoje vale. Extinguiu-se uma das relíquias venerandas dessa família por
tantos títulos ilustre e respeitável. Na tarde do dia 1º do corrente faleceu na
casa da Fontinha, desta vila, a sra. D. Maria Benedicta de Barbosa Sotto-Mayor,
alma de eleição, toda dedicada ao vem, à caridade e à família, que a adorava. A
finada que era senhora de altas virtudes e foi sempre para seus sobrinhos uma
segunda mãe, modelo de afectos e de carinhos, deixou as maiores saudades não só
a seus familiares, mas a todos aqueles que conheciam as suas peregrinas
virtudes”.
[15] Nas notas familiares
redigidas por seu sobrinho António Fernando de Sequeira Barbosa Sottomayor,
pode ler-se o seguinte: “D. Maria
Filomena Barbosa do Couto Cunha Sottomayor, nasceu na Casa do Lugar em S. Paio
de Parada a 22 de Outubro de 1843 e foi baptizada na Igreja Paroquial de Parada
a 24 do mesmo mês, sendo padrinhos Joaquim Calixto do Couto Cunha e Mello, por
procuração passada a José Maria de Sá Sottomayor, e Nossa Senhora do Amparo.
Faleceu solteira, com um cancro, na Casa do Lugar em Parada, a 29 de Setembro
de 1864, tendo apenas vinte e um anos. Foi sepultada na Igreja velha de Parada,
que hoje já não existe, tendo sido as ossadas ali encontradas quando da
construção da Igreja actual, sepultadas no cemitério da freguesia”.
[16] Vide nota 18 em Rostos da Fontinha ( I ).
[17] Resumo da
correspondência endereçada do Brasil por José Luís da Cunha, a seu irmão
Agostinho Barbosa de Sottomayor, entre 1890 e 1916, constante nas notas
familiares redigidas por António Fernando de Sequeira Barbosa Sottomayor. “Casou em 26 de Novembro de 1868, com D. Ana
Victoria da Fonseca, de nacionalidade portuguesa, nascida na freguesia de
Aires, concelho de Felgueiras, filha de Guilherme Joaquim da Fonseca, e de sua
mulher D. Maria Joaquina da Fonseca”.
[18] Notas familiares
redigidas por seu sobrinho-neto António Fernando de Sequeira Barbosa Sottomayor.
A tradição familiar indica Mónica de Jesus Maria do Couto Cunha e Mello, como
filha natural de Agostinho Luís Marques do Couto Fontinha e Silva. O seu
registo de baptismo é claro ao dá-la como exposta na noite de 25 de Abril de
1792, poucos meses antes do casamento do pai. Viveu na Casa da Fontinha, em S.
Tiago de Beduído, Estarreja, e foi quem criou e educou os filhos do irmão Pedro
Barbosa, que para ali foram viver no período conturbado da guerra civil entre
liberais e absolutistas.
[19] TAVARES, José, op. cit.
Finaliza o autor a sua palestra relatando um singular episódio ocorrido no dia
do funeral de Francisco Barbosa, quando o serrador Manuel Camilo, “vindo do enterro, se encontrou com um
amigo, a meio da Costeira; trocando impressões sobre o acontecimento,
concluiu-as ele assim: lá ficou o Senhor Francisquinho; – e depois
de um pausa – agora, quer um homem tirar o chapéu e já não vê muito a quem”.
[20] BESSA, José Marcelino de
Almeida, op. cit., fl. 176. Prestou juramento na Legislatura de 1880-1881, a 14
de Janeiro de 1880; na de 1890 (sessão única), a 15 de Janeiro; na de 1893
(sessão única), a 15 de Maio; na de 1894 (sessão única), a 17 de Outubro; na de
1897-1899, a 30 de Junho de 1897; e na Legislatura de 1900 (sessão única),
prestou juramento a 10 de Janeiro, tendo obtido licença para se ausentar do
reino na sessão de 28 de Abril.
[21] Anuário da Nobreza de
Portugal, Instituto Português de Heráldica, Tomo II, Vol. III, 1985, fl. 725. Maria Cândida de Azevedo Falcão Cota de
Bourbon e Menezes, nasceu no palácio do Campo de Santiago, em Braga, a 29 de
Agosto de 1850, e faleceu a 20 de Janeiro de 1886; casou em Braga, a 28 de
Agosto de 1871, com Francisco Barbosa do Couto Cunha Sottomayor, senhor da casa
da Fontinha, em Estarreja. Nas notas familiares redigidas por seu sobrinho
António Fernando de Sequeira Barbosa Sottomayor, D. Maria Cândida é descrita
como “muito bondosa e superiormente
inteligente e a única das irmãs que foi sempre equilibrada e sã de espírito (…)
Faleceu pouco depois do nascimento de um filho que não vingou”.
[22] Nas notas familiares
redigidas por seu sobrinho António Fernando de Sequeira Barbosa Sottomayor,
lê-se a dado passo o seguinte: “Lembro-me
de ouvir contar a meu Tio, além de episódios das lutas liberais e cenas políticas em que tomou parte e que
hoje me não recordam, que o seu casamento foi contratado sem conhecer a noiva,
que viu pela primeira vez, ou na ocasião do seu casamento, ou poucos dias
antes”.
[23] Sucederia no título ao
Visconde de Azevedo, Francisco Lopes de Azevedo Velho da Fonseca Pinheiro
Pereira de Sá Coelho, tio de sua esposa, a quem legara em testamento, como já
vimos, o Solar de Azevedo que agora lhe pertencia. Poucas semanas antes de
morrer, por Decreto do Rei D. Luís, datado de 23 de Novembro de 1876, fora aquele
titular elevado a 1º Conde de Azevedo.
[24] TAVARES, José, op. cit.
Extracto de uma carta enviada por Francisco Barbosa a José Luciano de Castro, a
24 de Abril de 1905. “(…) Em uma carta
que Vª. Ex.cia me dirigiu, em 3 de Setembro de 1889, da Figueira da Foz,
oferecia-me Vª. Ex.cia a continuação do título de meu falecido Tio, o Senhor
Conde de Azevedo; nessa ocasião, agradecendo a Vª. Ex.cia tão subida honra,
recusei essa graça porque tendo falecido minha Esposa, que era a representante
da antiga Casa de Azevedo, não me julguei com direito a esse título; hoje,
porém, que tenho um filho bacharel formado em direito, casado em Vila do Conde
com a herdeira de toda a Casa do Barão do Hospital, dotado de boas qualidades e
com bens de fortuna para sustentar o lustre desse título e que de futuro é o
representante da Casa de seu Tio-Avô, venho pedir a Vª. Ex.cia a concessão do
título de Conde de Azevedo para este meu filho. Digne-se, pois, Vª. Ex.cia
atender este meu pedido e dar-me a sua resposta. Com toda a estima e
consideração (…)”.
[25] Jornal d’Estarreja, 6º
Ano, Nº 260, Quinta-Feira 16 de Junho de 1892. “Hoje pelas 4 horas da tarde, nos Paços do concelho, será lavrado e
assignado, pela Câmara Municipal, auctoridades e convidados, o auto de
lançamento da primeira pedra para o novo edifício dos Paços do concelho, na
praça d’esta villa, depois do que se formará o cortejo que tem de dirigir-se ao
local destinado para o novo edifício pela forma seguinte: 1º Uma banda de
música; 2º Auctoridades Judiciaes, conservador e juízes de Paz; 3º Advogados;
4º Director do correio, chefe da estação e convidados; 5º Parochos e clérigos;
6º Escrivão da Fazenda, Recebedor e empregados; 7º Administrador do concelho e
empregados; 8º Presidentes das Juntas de Parochia; 9º Os 40 maiores contribuintes
do concelho; 10º Antigos vereadores; 11º A câmara e seus empregados; 12º Uma
banda de música. Chegado o cortejo ao local será lido em voz alta pelo
secretário da câmara o auto da inauguração e depois de encerrado este com as
moedas cunhadas no prezente reinado, em uma urna de ferro para isso destinada,
será pelo Presidente da câmara colocada no alicerce do edifício por baixo da
soleira da porta principal, e depois de praticadas as solemnidades do estilo
recolherá o cortejo pela mesma ordem à casa do tribunal. A sahida e entrada do
cortejo e mais solemnidades serão anunciados por girândolas de foguetes. Para
que estes festejos sobresaiam pede-se aos habitantes d’esta villa que iluminem
as suas casas n’esse dia à noite. Estarreja, 16 de Junho de 1892. TAVARES,
José, op. cit. “(…) lançada a primeira
pedra em meados de 1892, (Francisco Barbosa) pôde vê-la pronta e em funções na entrada de 1896, completamente
mobilada e com a bandeira da Câmara bordada a ouro por duas das suas filhas”.
[26] Francisco de Barbosa
Falcão de Azevedo e Bourbon, nasceu na Casa da Fontinha em Estarreja, a 23 de
Julho de 1876. Destinava-se à carreira da marinha de guerra e era
Guarda-Marinha quando morreu, tuberculoso, na Póvoa de Varzim, a 16 de Novembro
de 1898. Jaz no jazigo de família do Cemitério de Beduído.
[27] Em Paris, no ano de
1826, Joseph Nicéphore Nièpce fez a primeira fotografia, por meio de “câmara
escura”, e com uma exposição de oito horas!
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